Senhor, fazei com que eu aceite
minha pobreza tal como sempre foi.
Que não sinta o que não tenho.
Não lamente o que podia ter
e se perdeu por caminhos errados
e nunca mais voltou.
Dai, Senhor, que minha humildade
seja como a chuva desejada
caindo mansa,
longa noite escura
numa terra sedenta
e num telhado velho.
Que eu possa agradecer a Vós,
minha cama estreita,
minhas coisinhas pobres,
minha casa de chão,
pedras e tábuas remontadas.
E ter sempre um feixe de lenha
debaixo do meu fogão de taipa,
e acender, eu mesma,
o fogo alegre da minha casa
na manhã de um novo dia que começa. Cora Coralina
Banhado em luz...O dia já nasceu
Já regressou nos braços da manhã
Sacramental, eterno amor alcança o tempo
Derrama o céu...No chão da minha dor
E ao meu redor Deus cerca proteção
Cede o seu colo pra me esconder
E me orienta quando eu não sei prosseguir
Eu abro as portas do meu coração pra ver
Descer o manto da existência sobre mim
Ouvir a voz que sem rodeios me pergunta
Num grito íntimo que só eu posso ouvir
Será que está valendo a pena ser quem sou?
Viver o sonho que escolhi pra ser o meu?
Amar quem amo, procurar o que procuro?
Andar no rumo que escolheu meu coração
Banhado em luz... O dia já nasceu
Já regressou nos braços da manhã
Sacramental, eterno amor alcança o tempo Fábio de Melo